O ETERNO CAMISA 8,SICUPIRA
Ninguém fez tantos gols pelo Athletico quanto Barcímio Sicupira Júnior. O meio-campista defendeu a camisa do Furacão entre 1968 e 1976 e fez 158 gols, que lhe rendeu o título de maior jogador a já ter vestido o manto rubro-negro. Nascido em 1944, na Lapa (cerca de 70 quilômetros de Curitiba), Sicupira viveu seus primeiros dias em Curitiba como frequentador da Baixada, mas iniciou sua carreira profissional no rival Ferroviário, por influência do pai e jogou com lendas do futebol como Garrincha no Botafogo antes de voltar para Curitiba.
Após defender Botafogo e Botafogo-SP, o meia retornou a Curitiba em 1968, e por pouco não acabou no rival Coritiba. Mas a intervenção de um dirigente fez com que o craque vestisse a camisa do Athletico para, a partir de então, escrever um grande capítulo da história do clube.
O mito de Sicupira não poderia ter começado melhor. Em sua estreia pelo Furacão, no dia 2 de setembro de 1968, enfrentou o São Paulo na Vila Capanema, marcando um gol de bicicleta no empate em 1 a 1. Pelo Athletico , levantou a taça do Paranaense de 1970, além de ter sido o artilheiro máximo nas edições de 1970 e 1972. Como não poderia ser diferente, parte dessa história foi contada dentro da Baixada e, até o ano de 1976, ele foi construindo a lenda do grande matador. Atualmente é considerado o maior pela torcida e o sentimento é recíproco:
- Eu que devo agradecimentos ao Athletico e à sua torcida. Sempre fui muito bem tratado, pelos mais velhos e pelos mais jovens. As lembranças dos meus oito anos pelo Athletico são mais fortes do que os outros clubes que defendi.
A aposentadoria dos gramados veio cedo, com apenas 31 anos de idade, por conta das dificuldades e faltas de pagamento. Formado em Educação Física, após pendurar as chuteiras, passou a atuar como professor e chegou a treinar o Athletico. Atualmente é comentarista esportivo com uma conduta em que prima pela imparcialidade e desprezando a postura cronista-torcedor.
Passei a disputar campeonatos como titular e comecei a jogar na Baixada. Lá não tinha comparação. A proximidade atual da Arena não se compara com o que tínhamos antes. A distância entre a linha lateral e o alambrado era de dois metros, isso quando chegava. Isso fazia os jogadores interagirem muito com os torcedores. Quando chovia era ainda mais curioso, pois o túnel que dava acesso aos jogadores alagava, fazendo com que a gente precisasse entrar no campo por um portão no alambrado e passando pelo meio da torcida. Eu fazia muitos gols, e a torcida gostava disso, então era cumprimentado por todo mundo, era uma sensação ótima. Antes das partidas, assistíamos às preliminares na arquibancada, conversando com os torcedores. Isso criou uma proximidade que não existe mais hoje. Os atletas eram amigos da torcida.
Essa relação influenciava no desempenho do Athletico dentro de campo?
Sem dúvida. A Baixada estava sempre cheia, com ingressos baratos, até mesmo os jogos no meio de semana que aconteciam de tarde, pois não havia refletores. Posso contar nos dedos os jogos perdidos lá. A pressão que a torcida exercia era parecida com a de hoje, com todo mundo apoiando e empurrando o time. Foram poucos Athletibas na Baixada, apenas dois, durante meus oito anos de Athletico , com uma vitória para cada lado. Os jogos aconteciam mais nos estádios do Coritiba e do Ferroviário...
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